Intoxicação por metanol: polícia investiga adega onde jovens compraram gin na Zona Leste de SP
29/09/2025
(Foto: Reprodução) Intoxicação por metanol: polícia investiga adega onde jovens compraram gin
A Polícia Civil investiga a origem de duas garrafas de gin que provocaram a internação por metanol de quatro jovens, com idades entre 23 e 27 anos, em São Paulo.
Segundo o boletim de ocorrência, obtido pelo g1, as garrafas de gin, latas de energético e gelo de coco foram compradas no dia 30 de agosto em uma adega localizada na Avenida Presidente João Goulart, no Jardim Malia II, região da Cidade Dutra, na Zona Sul da capital. O grupo de amigos costumava frequentar o local.
Dois homens responsáveis pela adega são investigados. No local, foram apreendidas as duas garrafas consumidas pelas vítimas e outras 14 garrafas lacradas que foram encaminhadas à perícia.
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O caso foi registrado como falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
O delegado Carlos Mezher afirmou à TV Globo que aguarda o resultado dos laudos. "Nós dependemos muito dos laudos dessa tragédia que aconteceu com esses jovens, principalmente com o Rafael, que ainda encontra-se nessa situação que ele está".
A adega apresentou documentação necessária e nota fiscal em relação à compra das garrafas de gin.
"Não sabemos se, antes, eles passaram em algum lugar e consumiram bebidas sem procedência. Aí é um risco muito grande e bem provável", ponderou o delegado.
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Reprodução/TV Integração
Intoxicação
De acordo com o B.O., os jovens se reuniram na casa de Rafael Dos Anjos Martins Silva para uma confraternização que se estendeu até cerca de 3h. Cinco pessoas consumiram as bebidas, e quatro passaram mal.
No dia seguinte, Rafael começou a apresentar vômitos e fortes dores abdominais. A princípio, acreditou que eram sintomas de ressaca, mas começou a gritar dizendo que estava cego.
O rapaz foi levado ao Hospital Geral do Grajaú, onde entrou em coma e precisou ser intubado na UTI. Ainda no domingo, foi transferido para o Hospital São Luiz, em Osasco, para realizar sessões de hemodiálise, onde permanece internado.
Ao Fantástico, a mãe dele, Helena Martins, contou que o quadro do filho é irreversível. “Ele está respirando pelo ventilador, não tem fluxo sanguíneo cerebral. Segundo a medicina, é irreversível".
Outra jovem que participou da confraternização, Nathalia Carozzi Gama, ficou cinco dias internada na UTI. À TV Globo, ela contou que ainda sofre com sequelas neurológicas.
“Foi bem difícil, né? Eu fiquei na UTI. E toda hora vinha alguém fazer exame, porque foi um caso que impressionou até os médicos. Não era comum isso acontecer. Eu fiz o tratamento. Agora, tenho que fazer acompanhamento com o neurologista, porque fiquei com algumas sequelas, tipo falta de equilíbrio, essas coisas. E foi isso”, disse Nathalia.
Riscos à saúde
O metanol é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum.
A substância tem diversas aplicações legítimas na indústria. Ele é usado na fabricação de formaldeído (o famoso formol), ácido acético, tintas, solventes e plásticos, e está presente em produtos como anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta.
Ele não deve ser comercializado diretamente para consumo humano ou adicionado em grande escala a combustíveis comuns.
A ingestão, inalação ou até mesmo o contato prolongado com metanol pode causar náusea, tontura, convulsões, cegueira e até a morte. Pequenas quantidades já são suficientes para provocar intoxicação grave.