(Foto: Reprodução) Não temos esse tipo de levantamento por aqui, mas o resultado de pesquisa on-line e telefônica com 2.659 adultos do Reino Unido, com 65 anos ou mais, revelou um cenário desolador: 1,5 milhão farão a ceia desacompanhados e 670 mil não verão nem falarão com ninguém durante todo o Dia de Natal. Além disso, um em cada dois idosos (cerca de 6,3 milhões de indivíduos) não sente a alegria que sentia durante a época festiva. Fica aqui uma sugestão: já pensou nos velhos da sua família ou círculo mais próximo?
Solidão na velhice aumenta o risco de morte precoce em 26%; o de quedas em 30%; e o de desenvolver demência em 50%
Mariza Tavares
Esse é um problema de saúde pública de grande magnitude. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, globalmente, há 1.1 bilhão de adultos que experimentam solidão. Os diversos fatores de risco incluem: problemas de saúde física e mental; transições na vida, como a aposentadoria; dificuldades financeiras; falta de uma rede de apoio; impactos ambientais.
A solidão aumenta o risco de morte precoce em 26%; o de quedas em 30%; e o de desenvolver demência em 50%. De acordo com a London School of Economics, reduzir a solidão crônica poderia gerar economia significativa para os cofres públicos. Também possibilitaria que pessoas mais velhas se mantivessem saudáveis e produtivas por mais tempo. Por fim, o mercado voltado para a longevidade seria estimulado com a demanda por produtos e serviços voltados para, por exemplo, conexões sociais e entretenimento.
A Age UK é uma organização filantrópica do Reino Unido de apoio a idosos. Tem, inclusive, uma linha telefônica gratuita, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, incluindo o Dia de Natal, para quem precisar conversar. Em entrevista para o jornal “The Independent”, Ruth Lowe, chefe dos serviços de solidão da instituição, enumerou seis sinais que sugerem que alguém necessita de auxílio:
Mudanças de comportamento e humor: “se você conhece bem a pessoa e nota que ela está mais emotiva ou zangada, ou se comportando de forma diferente, isso pode ser um sinal de alerta”, afirmou Lowe.
Autocrítica negativa: falar de si de forma bastante negativa, de uma maneira nunca feita antes, também indica solidão, um sentimento capaz de minar a autoestima e fazer a pessoa se sentir inútil.
Isolamento: afastar-se de atividades antes apreciadas e dizer coisas como “ninguém me quer lá”.
Negligência pessoal: quem está deprimido e solitário não tem motivação para cuidar de si mesmo ou da casa.
Abuso de substâncias: alguns indivíduos começam a usar indevidamente drogas ou álcool.
Conversas ou telefonemas longos: coisas simples como tentar estender conversas ou, em um encontro, não querer que a pessoa se vá, indicam um anseio por conexão.
Lowe sugeriu ainda formas de ajudar:
Inicie uma conversa sobre o assunto: se notar mudanças, pergunte como a pessoa está e lhe diga que estará sempre disponível para ouvir e conversar. “Não precisa perguntar diretamente se ela se sente sozinha. Apenas mostrar que há alguém disponível para ouvir pode fazer uma enorme diferença”, aconselha.
Escolha o ambiente com cautela: a conversa deve acontecer num momento e espaço em que ela não ficará constrangida.
Seja paciente: esteja preparado para o fato de que o outro pode não se sentir pronto para se abrir na primeira conversa.Seja reconfortante: enfatize que há muitas pessoas que se sentem assim. Ajude o ente querido a entender que seus sentimentos são válidos e não há nada de que se envergonhar.
Seja reconfortante: enfatize que há muitas pessoas que se sentem assim. Ajude o ente querido a entender que seus sentimentos são válidos e não há nada de que se envergonhar.
Tente minimizar a sua reação: diante de um desabafo, procure não demonstrar pena ou constrangimento. A forma como nos manifestamos pode levar o outro a se fechar.
